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A Criança que há em ti💛

Quantas vezes enquanto criança te fizeram a pergunta: o que queres ser quando fores grande? Devem ter sido imensas, tais como as respostas que foste dando. 

Agora sou eu que faço uma pergunta: agora que és adulto o que gostarias de ser/ter/viver enquanto criança?

Faz este exercício e vai às tuas memórias que guardas naquele cantinho do coração mais especial e lembra-te do que te fez realmente feliz na tua infância! Caso não tenhas tido uma infância assim tão feliz o que te virá à cabeça quando imaginas o que precisarias para que tivesse sido feliz?

No meu caso eu gostaria de voltar à minha infância para ter o carinho, o afeto e as vivências e experiências que tive. Precisei de muito para que isso acontecesse? Não, precisei apenas de pessoas disponíveis, atentas e de coração aberto para me apoiar no meu crescimento.

Quais são as minhas memórias felizes da infância? São manhãs de domingo infiltradas na cama dos pais, maratonas de cavalitas no pai pelo corredor fora, pequenos almoços em casa dos avós com direito a leite com café onde o açúcar fazia estrada no fundo da caneca e torradas feitas ao lume no crepitar da lenha a queimar lentamente... São pic nics na serra com a família toda que duravam desde o amanhecer até ao fim do dia... Dias de praia com tudo às costas, que incluíam almoços na esplanada com vista para a ria (leia-se almoços em jeito de pic nic feitos na mata entre o mar e a ria)... São tardes de brincadeira no adro da capela ao fundo da rua onde se juntavam as crianças para as mais diversas brincadeiras... São carnavais a percorrer as ruas da vizinhança ora de matrafonas, ora de noiva, consoante o que a imaginação e o que houvesse em casa permitia... São magustos a saltar a fogueira, e caras enfarruscadas da cinza... São pacotes de leite da escola aquecidos numa bacia de água quente que no inverno nos aconchegavam do frio... São colares feitos de caruma... São estoiros feitos com as flores das dedaleiras, ou assobios com o cano da aveia... São papas de farinha maizena com o aroma do limão, os biscoitos da vizinha Maria para o lanche mesmo quando não se estava à espera...

Podia continuar a enumerar muitas outras memórias que me vêm à lembrança, mas estas chegam para refletir no que desejo para as crianças de hoje: desejo que acumulem lembranças destas no seu coração e ao longo do seu crescimento. Sem julgamentos, sem a necessidade de ter que se sentir melhor que ninguém, sem necessidade de viver a correr para de repente "ser grande".

Deixem as crianças ser crianças no tempo delas, deixem-nas brincar pois ao fazê-lo estão a aprender muito mais do que possam imaginar, deixem-as simplesmente ser crianças!

Ah e já agora, ao fazerem o exercício das memórias felizes, o que será que se lembraram mais: do que tiveram enquanto bens materiais ou do que viveram enquanto experiências, emoções ou sentimentos?

Depois de pensarem um pouco nisto, acho que vale a pena tentarmos ser para as nossas crianças o que gostaríamos que fossem connosco se tivéssemos o privilégio de voltarmos a ser crianças 😍

Feliz dia das crianças (a todas as crianças e às que já foram e guardam religiosamente a criança que têm dentro de si) 


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 Fim de ano lectivo, de um ano lectivo de loucos, um fim que teimava em não chegar para alunos cansados de estar fechados quer na escola quer em casa. Sim, porque muitas almas iluminadas (adultos) dizem: "pois mas este ano lectivo eles estiveram muito tempo fora da escola, em casa". É verdade! Mas estiveram em casa confinados, fechados, privados de conviver com os seus amigos; privados de brincar, uma tarefa importantíssima para adquirirem competências para a vida; privados de aprender com relações humanas, porque comunicavam através de um ecrã, ecrã esse que mesmo tendo alguém do outro lado não dá afeto, não dá aconchego. Pergunto-me se esses adultos que dizem que eles estiveram muito tempo em casa, logo é óbvio que o ano lectivo teria que acabar mais tarde, não serão os mesmos que se queixam a toda a hora que estão fartos de ter os filhos em casa, que não vêem o fim disto, que estavam desertos do confinamento acabar... Tudo sentimentos legítimos, mas deve haver coerência: a