Fim de ano lectivo, de um ano lectivo de loucos, um fim que teimava em não chegar para alunos cansados de estar fechados quer na escola quer em casa. Sim, porque muitas almas iluminadas (adultos) dizem: "pois mas este ano lectivo eles estiveram muito tempo fora da escola, em casa".
É verdade! Mas estiveram em casa confinados, fechados, privados de conviver com os seus amigos; privados de brincar, uma tarefa importantíssima para adquirirem competências para a vida; privados de aprender com relações humanas, porque comunicavam através de um ecrã, ecrã esse que mesmo tendo alguém do outro lado não dá afeto, não dá aconchego.
Pergunto-me se esses adultos que dizem que eles estiveram muito tempo em casa, logo é óbvio que o ano lectivo teria que acabar mais tarde, não serão os mesmos que se queixam a toda a hora que estão fartos de ter os filhos em casa, que não vêem o fim disto, que estavam desertos do confinamento acabar... Tudo sentimentos legítimos, mas deve haver coerência: as crianças também têm o diteto de estar cansadas...
E depois termina o ano lectivo e é um tal de publicar notas magníficas nas redes sociais, de fazer menção aos quadros de honra, etc., etc.
Isto que estou a escrever é apenas e só, a minha opinião e vale o que vale e pensei muito antes de o fazer. A verdade é que são muitos anos a trabalhar com crianças e a observar o comportamentos destas e dos adultos que as rodeiam... Ao publicar as notas de uma criança numa rede social o adulto estará a contribuir para a felicidade da criança ou para a sua própria felicidade/ego?
É motivo de orgulho um filho que tire excelentes notas? Claro que é! Da mesma forma que é motivo de orgulho uma criança que não tendo as melhores capacidades cognitivas, as mesmas oportunidades se vá superando a si própria, mesmo que não chegue aos quadros de honra ou às notas de excelência. Desde que vá melhorando e subindo um degrau de cada vez...
No meio disto tudo o que me faz refletir sobre este assunto é que numa sociedade onde só se exibem os excelentes resultados estamos a esquecernos de uma grande maioria de crianças que diariamente se superam a si próprias em busca do seu sucesso individual, mesmo que esse sucesso passe por da próxima vez tirar apenas um Suficiente quando o que é aceitável é que se tire muito bom ou excelente.
É cada vez mais importante sermos empáticos com quem nos rodeia e sabermos colocar-nos no lugar do outro.
Mais importante que os resultados de excelência é trabalharmos para crianças felizes, que saibam ser e estar e que saibam sobretudo viver em sociedade, respeitando cada um tal como é.
E cabe-nos a nós adultos dar o exemplo 😊
O aluno de excelência devia ser:
ResponderEliminar- o que consegue classificações elevadas e não humilha os que não conseguem o mesmo
- o que ganha nos jogos da aula mas não julga ou critica os que perdem
- o que tem facilidade em todas as novas aprendizagens e ajuda os que não têm...
De excelência, são mesmo raros...
O que dizer sobre quadros de honra...dizer que deviam ser banidos urgentemente. Os quadros de honra são absolutamente discriminatórios e injustos, desde logo porque todos aqueles que aparecem nos ditos quadros de honra (salvo raras exeções) são alunos cujos pais têm capacidade financeira de os ter em centros de estudos e explicações ou frequentam colégios onde as notas são inflacionadas como todos nós sabemos, apesar de alguns fingirem não saber. E portanto, todos os outros alunos (a maioria) que não beneficiam das mesmas oportunidades nunca irão ter a oportunidade de chegar a estar num quadro de honra (ou uma minoria). Os quadros de honra não são mais de que uma "Feira das Vaidades" para muitos pais que teimam em tornar publico tal feito e que feio que é este tipo de exibicionismo. Devemos valorizar os resultados escolares dos nossos filhos? Claro que sim! Mas em privado. Mas o que devemos mesmo valorizar, são os valores, a educação, a amizade, a empatia, o ser solidário, o respeito pelo próximo, a tolerância, o amor, os afetos. Isto sim é importante, isto sim, vai-lhes ser útil e uma ferramenta essencial nas suas vidas...
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